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Notas

Aula 01


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Introdução

Muito se debate na economia brasileira sobre a função do Estado e o peso dos tributos sobre a população. Nesse sentido, é interessante avançar no funcionamento da atividade financeira do Estado e a importância dos tributos para financiar os gastos do governo para que seja possível ofertar bens e serviços para a sociedade. Desse modo, podemos utilizar os dois conceitos para entender a evolução dos tributos no Brasil, considerando os tipos de tributos cobrados e o valor da carga tributária em relação ao PIB.

Ao final desta aula, você será capaz de:

  • relacionar a atividade financeira do Estado e os tributos;
  • aprender o tema relacionado aos tributos;
  • analisar o sistema tributário brasileiro.

Atividade Financeira do Estado

Em uma economia capitalista dinâmica, o Estado atua, direta ou indiretamente, no setor econômico para influenciar as expectativas dos agentes econômicos ao longo do tempo e, assim, manter o nível da atividade econômica o mais próximo possível do considerado ideal em cada país. Essa é uma forma de atuação aceita na maioria dos países, sendo que alguns aceitam mais do que outros um nível de atuação mais alto e direto, enquanto outros aceitam mais facilmente um Estado regulador da atividade econômica. Contudo todos necessitam do Estado e, consequemente, este necessita analisar as suas finanças públicas para conseguir influenciar na economia.

Nessa perspectiva, o Estado influencia a atividade econômica, a qual tem como característica a utilização dos recursos escassos nas economias capitalistas, sendo escassos porque necessitam que sejam administrados de maneira eficiente para potencializar o crescimento econômico. A administração segue alguns princípios: I) os interesses e as necessidades do consumidor em relação aos produtos negociados (demanda); II) o lucro das empresas se guiando pela demanda do consumidor; III) a autoridade do país (governo) que impõe regras, normas, leis de conduta dos agentes econômicos sobre “o que” e “para quem” produzir, fazendo com que a atividade financeira seja parte do Estado (MATIAS-PEREIRA, 2010). Esse mesmo autor postula:

Como a atividade financeira é parte da economia do Estado, sua extensão e importância são determinadas pela forma como se integram em um sistema econômico as decisões da autoridade e do mercado. A atividade financeira do Estado diz respeito ao desempenho das atividades políticas, sociais, econômicas, administrativas, entre outras, que constituem sua finalidade precípua

(MATIAS-PEREIRA, 2010, p. 213).

Desse modo, o Estado tem, em sua atividade financeira, a capacidade de dinamizar a economia na medida em que consegue desde criar até obter o dinheiro indispensável para satisfazer as necessidades da sociedade, que está sob sua responsabilidade. Caro(a) aluno(a), note que a atividade financeira do Estado envolve despender dinheiro para os gastos públicos que podem ser feitos diretamente pelo Estado, como podem ser repassados para outras pessoas jurídicas de direito público (MATIAS-PEREIRA, 2010). Outra forma que também pode ser utilizada para satisfazer a necessidade da sociedade são os programas de transferências de renda, como é o caso do bolsa-família no Brasil.

Receita pública “[...] ingresso definitivo de recursos ao patrimônio público, sem qualquer compromisso ou obrigatoriedade, aumentando as disponibilidades do tesouro. Subdivide-se em originárias (provenientes dos bens e empresas comerciais ou industriais do Estado) e derivadas (obtidas por meio do poder de coerção do Estado, como impostos, taxas, contribuições etc.)”.
Despesa pública “[...] conjunto de dispêndios do Estado ou de outra pessoa de direito público para o funcionamento dos serviços públicos”.
Orçamento público “[...] ato que contém a aprovação prévia das receitas e despesas públicas para um período determinado, que normalmente é de um ano”.
Crédito público “[...] apresenta-se como um dos processos pelos quais o Estado pode obter uma receita pública. Esta, por sua vez, caracteriza-se como um empréstimo, o qual necessariamente deverá ser reembolsado”.

Quadro 1 - Atividade financeira do Estado
Fonte: Matias-Pereira (2010, p. 214).

Isso posto, podemos colocar as finanças públicas como a atividade financeira do Estado em decorrência de ser a responsável por contabilizar o orçamento, despesas, receitas e créditos ligados ao setor público de determinado país. Por meio das finanças públicas, é possível direcionar a ação do Estado para obtenção e/ou manutenção do emprego eficiente dos recursos escassos para atingir as necessidades da sociedade e, consequentemente, assegurar a manutenção da administração e dos serviços públicos do país (MATIAS-PEREIRA, 2010).

Fatos e Dados

“O Estado tem a responsabilidade de viabilizar o funcionamento dos serviços públicos definidos como essenciais e que são demandados pela coletividade. Para atingir esse objetivo, necessita de recursos financeiros, os quais são obtidos por meio de várias fontes, a fim de promover os serviços indispensáveis ao perfeito funcionamento das atividades estatais e ao bem comum da população” (MATIAS-PEREIRA, 2010, p. 216).

Pela lógica, o Estado tem atuação efetiva na economia, assim é possível analisar o tamanho dessa participação para o Brasil por meio da análise da carga tributária, como ressaltado por Matias-Pereira (2010). Essa arrecadação de tributos permite que o Estado possa desempenhar os seus diversos gastos que possuem na economia. Com tal característica, a Figura 1 apresenta a carga tributária brasileira ao longo das duas últimas décadas (2000 e 2010).

Figura 1 - Evolução da Carga Tributária no Brasil - 2002 a 2017 (% PIB)
Fonte: Brasil (2018, p. 2).

Na Figura 1, podemos ver que a carga tributária brasileira apresenta certa volatilidade ao longo dos 17 anos analisados. No início da série histórica, ocorreu uma pequena queda (entre 2002-2003) que acabou sendo revertida rapidamente, inclusive com pico no ano de 2007 com 33,64% de tributos arrecadados em relação ao PIB brasileiro. Já no período recente (década de 2010), a carga tributária passou a cair em relação ao seu topo histórico. No entanto note que, apesar da relativa queda, em média, a carga tributária brasileira sempre esteve próxima dos 32% do PIB.

Por meio dessa carga tributária arrecadada, o governo brasileiro consegue ofertar diversos bens e serviços para a sociedade brasileira, tais como: I) saúde; II) educação; III) segurança pública; IV) justiça; dentre outros produtos. Como ressalta Giacomoni (2017), é possível, por meio da gestão pública dos recursos, fazer as escolhas sobre o orçamento que irão assumir natureza financeira quando se transformam em fluxos de recursos que entram e saem do Tesouro. Desse modo, observaremos, a partir do Quadro 2, mais detalhes sobre a carga tributária brasileira.

  RS Milhões % PIB Variação (RS Milhões) Variação (p.p PIB)
  2017 2018 2017 2018
Governo Central 1,450,613 1,547,471 22.13% 22.66% 96,858 0.53
Governos Estaduais 551,713 590,680 8.42% 8.65% 38,967 0.23
Governos Municipais 135,307 154,664 2.06% 2.27% 19,356 0.20
Governo Geral 2,137,634 2,292,815 32.62% 33.58% 155,181 0.97

Quadro 2 - Carga Tributária Bruta por esfera de governo - Brasil - anual - 2017 e 2018
Fonte: Secretaria do Tesouro Nacional (2018, on-line).

Pela lógica, o Estado tem atuação efetiva na economia, assim é possível analisar o tamanho dessa participação para o Brasil por meio da análise da carga tributária, como ressaltado por Matias-Pereira (2010). Essa arrecadação de tributos permite que o Estado possa desempenhar os seus diversos gastos que possuem na economia. Com tal característica, a Figura 1 apresenta a carga tributária brasileira ao longo das duas últimas décadas (2000 e 2010).

Figura 1 - Evolução da Carga Tributária no Brasil - 2002 a 2017 (% PIB)
Fonte: Brasil (2018, p. 2).

No Quadro 2, é possível analisar a carga tributária preliminar de 2018 em relação aos dados de 2018. Nessa perspectiva, em 2018, a carga tributária bruta do governo geral, que inclui as três primeiras linhas do Quadro 2, alcançou 33,58% do PIB, apresentando aumento de 0,97 pontos percentuais do PIB em relação a 2017. Isso ocorreu em consequência do resultado do crescimento de 0,53 p.p. do PIB no governo central, 0,23 p.p. nos estados e 0,20 p.p. do PIB nos municípios (BRASIL, 2018). Os detalhes sobre a arrecadação federal são expostos por Brasil (2018, p. 1) a seguir:

No que tange à arrecadação federal, os principais tributos que explicam o comportamento da CTB são a Pis/Cofins, que apresentou acréscimo de 0,23 pontos percentuais do PIB, o IRRF que aumentou 0,13 p.p. do PIB, o Imposto sobre a Importação com aumento de 0,10 p.p. do PIB e o IPI que, por sua vez, aumentou 0,07 p.p. do PIB . Na esfera estadual o desempenho foi determinado pelo aumento das receitas com o ICMS (0,24 p.p. do PIB) e nos municípios destaca-se o crescimento na arrecadação do ISS (0,11 p.p. do PIB) e do IPTU (0,08 p.p. do PIB).

Assim, a arrecadação do governo passou por um aumento entre os dois anos analisados em consequência dos Impostos sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) que possui o maior aumento relativo (0,44 p.p. do PIB), seguido de perto pelo aumento relativo no Pis/Cofins com 0,23 p.p., outro que cabe destaque é o Impostos de Renda Retido na Fonte (IRRF) com 0,13 p.p do PIB.

SAIBA MAIS

Caro(a) estudante, o foco no material está relacionado ao estudo das Finanças Públicas em economia, contudo, devido à sua grande importância para a sociedade moderna, diversas outras matérias correlatas estudam o setor público. Nesse contexto, um importante autor a lidar com a atividade financeira do Estado é o professor Harrison Leite, com foco no direito, em seu livro Manual de Direito Financeiro.

Fatos e dados

Os tributos são objetos de grandes debates na sociedade ao longo do tempo, enquanto alguns defendem diminuição da quantidade de tributos, simplificação ou menor carga tributária, outros apoiam modificações na forma de tributação, extinção de alguns tributos com acréscimos de outros, manutenção da carga tributária. O maior interessado no aumento dos tributos é o governo que pode vir a ter maior receita orçamentárias, mas lembre-se da curva de Laffer que enfatiza o limite para o aumento da arrecadação proveniente de aumentos na alíquota tributária. Assim, observe mais informações sobre os tributos no Brasil no período recente por meio do trabalho do Tesouro Nacional pertencente ao Ministério da Economia, disponível em: <https://www.tesouro.fazenda.gov.br/documents/10180/476865/Boletim_CTB_2018.pdf/dfb14303-a1de-4510-9c28-077d7af6ab27>. Acesso em: 24 abr. 2019.

Aspectos básicos sobre os Tributos

Para que o governo possa efetuar suas despesas, cumprindo sua atividade financeira, deve ter receitas para os pagamentos dos gastos ou criar medidas que façam as receitas surgirem. Por esse ponto de vista, já trabalhamos com algumas possibilidades: I) aumento do déficit público; II) aumento da oferta monetária (monetização da dívida); III) aumento dos tributos. Trataremos sobre o déficit público em um momento oportuno. Tem mais sentido a questão monetária ser trabalhada nas análises macroeconômicas e na economia monetária.

Portanto, neste momento, avançamos no conhecimento sobre o papel dos tributos que está relacionado à política fiscal, sendo que “As Finanças Públicas têm como principal objeto de estudo a política fiscal” (MATIAS-PEREIRA, 2017, p. 165). Além disso, aplicamos a análise dos tributos no Brasil, como já exposto anteriormente, para, assim, entender a dinâmica de arrecadação da economia brasileira e ser possível avançar na compreensão das finanças públicas ao longo do tempo. Baleeiro (2015) explica que o sistema tributário está integrado aos diversos impostos que podem existir no país, seguindo diretrizes específicas de cada país.

SAIBA MAIS

“Quando os impostos são empregados como instrumento de intervenção ou regulação pública, a função fiscal propriamente dita, ou ‘puramente fiscal’, é sobrepujada pelas funções ‘extrafiscais’. A sua técnica é, então, adaptada ao desenvolvimento de determinada política, ou diretriz. Por outro lado, o exercício do poder de tributar é fenômeno à natureza e às atribuições do Estado. A escolha dos instrumentos de imposição, na prática, tem obedecido menos a inspirações econômicas do que a considerações políticas” (BALEEIRO, 2015, p. 231).

Baleeiro (2015) destaca que os tributos (impostos) são criados por meio de uma colaboração entre os poderes que constituem a república, isto é, o Poder Legislativo e Executivo na medida em que o Executivo prepara a formulação de um novo imposto ou modificação dos existentes. Já o Legislativo fica responsável por deliberar sobre o tema, fazendo uma análise sobre a conveniência, oportunidade e justiça de cada tributo que está passível de criação ou modificação.

Atenção

“O sistema tributário integra-se com os vários impostos que cada país adota, segundo o seu gênero de produção, a sua natureza geográfica, a sua forma política, as suas necessidades e ainda as suas tradições, pois estas influem também, como já reparou Findlay Shirras. Não é possível estabelecer-se cientificamente um sistema tributário padrão ou ideal para todos os países, nem para qualquer deles. Não se pode apagar o passado nem desprezar fatores políticos, morais, psicológicos e até religiosos” (BALEEIRO, 2015, p. 288).

Os tributos no Brasil

A política tributária possui dois objetivos que devem ser perseguidos pelo governo ao longo do tempo: I) garantir a responsabilidade da gestão fiscal; II) gestão integrada e compartilhada em relação aos tributos. A respeito do primeiro, o foco é dado em buscar metas de equilíbrio orçamentário, de modo a influenciar a estabilidade econômica do país. Já o segundo busca integrar o governo à sociedade ao demonstrar a importância do pagamento dos tributos (com foco nos impostos), para garantir o financiamento do governo e, por consequência, dos bens e serviços públicos existentes no país (MATIAS-PEREIRA, 2017).

Em relação aos tributos, dois princípios devem ser considerados: I) princípio do benefício, que se refere à relação entre tributos cobrados e benefício recebido por determinado agente econômico; II) princípio da capacidade contributiva que aponta para os tributos sendo cobrados de acordo com a capacidade financeira (MATIAS-PEREIRA, 2017).

No Brasil, a carga tributária pode ser definida como o total de arrecadação das receitas fiscais do Estado em relação ao Produto Interno Bruto (PIB), sendo o tributo o percentual que se paga sobre uma receita e as receitas fiscais estão relacionadas ao dinheiro que ingressa nos cofres dos três entes de governo (União, Estados, Municípios). Os tributos têm respaldo no Código Tributário Nacional (CTN), em seu art. nº 3, como expõe Matias-Pereira (2017).

A Lei nº 5.172 de 25 de outubro de 1966: “Dispõe sobre o Sistema Tributário Nacional e institui normas gerais de direito tributário aplicáveis à União, Estados e Municípios” (BRASIL, 2017, p. 10). Complementando as normas gerais, o art. nº 3 explica que “Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada” (BRASIL, 2017, p. 11).

SAIBA MAIS

A Lei nº 5.172/66 é ampla e complexa, representando o Código Tributário Nacional (CTN). Para mais informações sobre essa lei, é preciso consultar o site do Senado, que está disponível em: <https://bit.ly/2FJgqJ1>. Acesso em: 24 abr. 2019.

Imposto “[...] possui no critério material de sua hipótese de incidência uma atividade não vinculada a uma prestação estatal, ao contrário, incide sobre atos e fatos diretamente relacionados à vida dos particulares, de forma a expressar a sua capacidade econômica. A receita proveniente dos impostos não pode ser vinculada a qualquer despesa da máquina administrativa [...]”.
Contribuições de melhoria “[...] são atos de tributo vinculados a uma atividade estatal, decorrentes de obra pública. Portanto, toda receita proveniente das contribuições de melhoria deve ser destinada à obra pública - que lhe serviu de fato gerador”.
Taxas “[...] vinculados a uma atividade estatal, especificamente a uma prestação de serviço público, específico e divisível efetivamente prestado ou posto à disposição, ou a uma atuação do poder de política, e suas receitas são afetadas a estas despesas relacionadas à sua hipótese de incidência, na forma de uma retribuição”.
Empréstimo compulsório “[...] modalidade de tributo incluída pela Constituição Federal de 1988, que difere dos demais tipos de tributos. Ela pode ser instituído, de forma transitória, apenas em casos de despesas extraordinárias - guerra ou calamidade pública - e no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional, como também pelo fato de ser restituível. A sua receita está vinculada às despesas que geraram o tributo”.
Outras contribuições “[...] podem ou não ser vinculados a uma atividade estatal. A sua incidência pode estar ou não vinculada a uma atividade estatal, embora sua receita obrigatoriamente tenha que ser afetada. Esses tributos podem ser: social, de interesse de categoria econômica ou profissionais, e de intervenção do domínio econômico”.

Quadro 3 - Tributos integrantes do sistema tributário nacional
Fonte: Adaptado de Matias-Pereira (2017, p. 167-168).

O Quadro 3 apresenta os diversos tipos de tributos que podem ser cobrados da sociedade pelo governo brasileiro. No entanto outras formas de cobranças também podem ocorrer, como é o caso da contribuição social e a seguridade social. A contribuição social é uma prestação pecuniária compulsória que deve ser paga ao setor público que, por sua vez, pode escolher se vincula ou não essa contribuição à uma atividade, contudo deve ser destinado à Seguridade Social, a qual tem as suas ações destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, previdência e assistência social no país (MATIAS-PEREIRA, 2017).

Evolução do Sistema Tributário Brasileiro

O sistema tributário tende a ser modificado ao longo do tempo, visto que a própria economia passa por diversas transformações no longo prazo. No início da aula, trabalhamos com o sistema tributário brasileiro nas duas últimas décadas, com destaque para o período recente. Agora, analisaremos o seu processo histórico para entender a evolução na carga tributária do país.

No século passado, entre 1946 e 1958, a carga tributária bruta passou de 13,8% para 18,7% do PIB. Já no ano de 1962, a carga caiu em decorrência da crise política econômica do período, chegando em 15,8% do PIB. Com a reforma tributária da década de 1960, os tributos recolhidos no país chegaram em 25% do PIB, mantendo-se nesse patamar até a década de 1970 (GIAMBIAGI; ALÉM, 2016). Desse modo, observaremos, a seguir, a Figura 2.

Figura 2 - Carga tributária no Brasil: 1971/2011 (% PIB)
Fonte: IBGE apud Giambiagi e Além (2016, p. 269).

Como é possível notar na Figura 2, a carga tributária no Brasil se manteve estável durante praticamente toda a década de 1970, com uma queda levemente mais acentuada no final da década, mas que acabou sendo revertida logo em seguida (durante até 1983). Para evitar os efeitos do momento de turbulência e crise econômica da década de 1980, foram feitas modificações na legislação tributária vigente para que o nível de arrecadação fosse sustentado (GIAMBIAGI; ALÉM, 2016).

Giambiagi e Além (2016) enfatizam que, na segunda metade da década de 1980, a carga tributária ficou entre 23% e 24% (exceção no Plano Cruzado que chegou em 27%). Já no governo Collor (década de 1990), a carga tributária chegou em 30% do PIB, com queda logo em seguida. Contudo, após a estabilização da economia (Plano Real, 1994), a carga tributária tem apresentado uma tendência crescente no longo prazo.

Entretanto, a tendência à elevação da carga tributária ao longo dos anos 1990 e no século XXI decorreu principalmente do aumento da carga de tributos incidentes sobre bens e serviços, explicado em boa parte pelo crescimento da carga de impostos cumulativos, que, do ponto de vista econômico, são de pior qualidade, prejudicando o desempenho do setor econômico

(GIAMBIAGI; ALÉM, 2016, p. 269).

Caro(a) aluno(a), para auxiliar no desenvolvimento sobre a questão tributária em relação ao PIB, o Quadro 4 apresenta todas as receitas fiscais para alguns países selecionados, sendo que, na primeira coluna, foram selecionados os dez países com maior receita fiscal em relação ao PIB e, na quarta coluna, os países que se encontram relativamente perto do Brasil para facilitar a análise.

Posição País Receita %PIB Posição País Receita %PIB
1 França 46,2 21 Reino Unido 33,3
2 Dinamarca 46 22 Estônia 33
3 Bélgica 44,6 23 Eslováquia 32,9
4 Suécia 44 24 Israel 32,7
5 Finlândia 43,3 25 Brasil 32,3
6 Itália 42,4 26 Canadá 32,2
7 Áustria 41,8 27 Nova zelândia 32
8 Cuba 40,6 28 Barbados 31,8
9 Grécia 39,4 29 Uruguai 30,9

Quadro 4 - Todas as receitas fiscais para os países - 2017 (% PIB)
Fonte: Adaptado de OCDE (2019).

Como podemos ver no Quadro 4, o Brasil não está entre os países com maior carga tributária do mundo, mas, ao mesmo tempo, acaba por não proporcionar os mesmos recursos para a sociedade do que países que se encontram perto no tocante à receita tributária total em relação ao PIB. Desse modo, é necessário aumentar a eficiência na alocação dos recursos no país para melhorar sua posição entre os países que conseguem utilizar os recursos de maneira eficiente.

Caro(a) estudante, para avançar no entendimento das receitas do país em relação ao PIB, o Fundo Monetário Internacional (FMI) fornece dados para os diversos países do planeta, identificando, por meio de diferentes colorações, o peso do governo em cada país. Nessa perspectiva, é possível entender como o setor público está presente nos países nos mais diferentes continentes; assim, observe, a seguir, a Figura 3.

Figura 3 - Receitas em % PIB
Fonte: Fundo Monetário Internacional - FMI (2019, on-line).

Na Figura 3, é possível notar que os países apresentam diferentes tipos de coloração, isto é, diferente peso do governo sobre a economia. A cor vermelha escura representa os países com menor receita em % do PIB, logo esses países possuem menos de 15% das receitas. Na sequência, os países na cor rosa possuem receita em % do PIB entre 15 e 30%, sendo a maior parte dos países analisados. A seguir, em cor laranja, vêm os países com receitas em % do PIB no valor entre 30 e 40%, com destaque para o Brasil nessa posição. Já em amarelo são apresentados os países que possuem receitas em % do PIB entre 40 e 50% e, por fim, na cor verde, são os países com receitas em % do PIB acima de 50% (FMI, 2019).

SAIBA MAIS

Existem alguns sites bastante interessantes para conseguir dados sobre as finanças públicas. Um deles é o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e, para chegar aos dados, basta procurar em estatísticas; na sequência, basta procurar por Finanças Públicas ou Contas Nacionais. Disponível em: <https://www.ibge.gov.br>. Acesso em: 24 abr. 2019.

qUESTÃO oBJETIVA

Os tributos são de grande importância para financiar a atividade financeira do Estado, permitindo que suas políticas públicas possam ser implementadas para melhorar o bem-estar da sociedade. Assim, analise as afirmativas a seguir.

I. O Brasil passou por um aumento na sua carga tributária em relação ao PIB nas últimas décadas.
II. A carga de tributos brasileira é a maior entre todos os países que apresentam dados sobre o tema.
III. O aumento dos tributos faz com que a sociedade tenha maior renda disponível para o consumo.
IV. O Brasil tem uma receita fiscal próxima em relação ao PIB de países como Israel e Canadá.

Está correto o que se afirma em:

I e IV, apenas.

A afirmativa I está correta, visto que, desde a década de 1990, o país passa por um aumento de sua carga tributária em relação ao PIB. A afirmativa IV está correta, porque o Brasil tem uma carga de receita fiscal em % do PIB muito próxima desses países.

II e III, apenas.

A afirmativa II está incorreta, isso porque existem países com maior carga tributária em relação ao PIB que o Brasil. A afirmativa III está incorreta, visto que o aumento de tributos faz com que a maior fatia da renda privada seja retirada pelo governo.

II e IV, apenas.

A afirmativa II está incorreta, isso porque existem países com maior carga tributária em relação ao PIB que o Brasil. A afirmativa IV está correta, porque o Brasil tem uma carga de receita fiscal em % do PIB muito próxima desses países.

I e III, apenas.

A afirmativa I está correta, visto que, desde a década de 1990, o país passa por um aumento de sua carga tributária em relação ao PIB. A afirmativa III está incorreta, visto que o aumento de tributos faz com que a maior fatia da renda privada seja retirada pelo governo.

III e IV, apenas.

A afirmativa III está incorreta, visto que o aumento de tributos faz com que a maior fatia da renda privada seja retirada pelo governo. A afirmativa IV está correta, porque o Brasil tem uma carga de receita fiscal em % do PIB muito próxima desses países.

qUESTÃO oBJETIVA

O Estado atua na economia para impulsionar o desenvolvimento econômico e social do país. Para tanto, é preciso ter capital a fim de financiar as suas atividades. Assim, analise as afirmativas a seguir sobre os exemplos de atividade financeira do Estado.

I. Receita pública.
II. Demanda de moeda.
III. Crédito público.
IV. Comércio exterior.

Está correto o que se afirma em:

III e IV, apenas.

A afirmativa III está correta, porque o crédito público serve para adquirir receita pública, mas necessitando ser pago depois.  A afirmativa IV está incorreta, isso porque o comércio exterior está relacionado à economia internacional e não ao processo de atividade financeira do Estado.

II e IV, apenas.

A afirmativa II está incorreta, pois a demanda por moeda está relacionada à política monetária e não fiscal. A afirmativa IV está incorreta, isso porque o comércio exterior está relacionado à economia internacional e não ao processo de atividade financeira do Estado.

I e IV, apenas.

A afirmativa I está correta, visto que a receita pública pertence à atividade financeira do Estado, abrindo a possibilidade para o gasto público. A afirmativa IV está incorreta, isso porque o comércio exterior está relacionado à economia internacional e não ao processo de atividade financeira do Estado.

II e III, apenas.

A afirmativa II está incorreta, pois a demanda por moeda está relacionada à política monetária e não fiscal. A afirmativa III está correta, porque o crédito público serve para adquirir receita pública, mas necessitando ser pago depois.

I e III, apenas.

A afirmativa I está correta, visto que a receita pública pertence à atividade financeira do Estado, abrindo a possibilidade para o gasto público. A afirmativa III está correta, porque o crédito público serve para adquirir receita pública, mas necessitando ser pago depois.

Fechamento

Em virtude do que foi mencionado ao longo da aula, percebe-se que uma parte da atividade financeira do Estado, ligada às finanças públicas, refere-se aos tributos em consequência financeira aos gastos do governo ao longo do tempo. No Brasil, existem diferentes tributos que incidem sobre a população, inclusive alguns com finalidades definidas. Além disso, a carga tributária brasileira apresentou certa estabilidade entre 1970 e 1980, passando a ter maior crescimento após a estabilização econômica do Plano Real.

Nesta aula, você teve a oportunidade de:

  • compreender a atividade financeira do Estado e os tributos;
  • desenvolver o tema relacionado aos tributos;
  • analisar o sistema tributário brasileiro.

Vídeo

Para complementar o seu aprendizado, assista o vídeo a seguir:

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